São Paulo (Dia 2): O Clube da Mostra, esse ano, permanece no Salão de Convenções do Frei Caneca. Dessa vez, ao contrário do ano passado, o espaço está mais organizado, mais sofisticado. Com direito até, a coquetéis e uma pequena feirinha, incluindo algumas editoras com publicações para cinéfilos. Destaque para a Imprensa Oficial, sempre com boas publicações e preços confortáveis.
Outro projeto interessante, é o fomento de um polo cinematográfico na cidade de Paulínia. A cidade está provendo toda a infra-estrutura para se tornar uma capital nacional do cinema, incluindo, novos estúdios, Escolas de cinema, turismo e festivais. Têm até uma calçada da fama, nos moldes da matriz hollywoodiana!
Vamos aos filmes: SE O VENTO LEVANTA A AREIA me chamou atenção pelo título poético. De fato, o filme é pura poesia visual ao denunciar as mazelas da África. Narra a história de um grupo de pastores percorrendo o vasto deserto em busca de água, e conforme o "road movie" à camelo prossegue, o público vai entrando em contato com as tradições e realidade desse povo. Longas tomadas, amplas paisagens e riqueza de cores fazem parte dessa fita. Um bom filme, um pouco lento, mas comovente.
O nacional VALSA PARA BRUNO STEIN, com produção e interpretação de Walmor Chagas, vale somente pelo ator. Dono de uma velha olaria e em crise de fim-de-vida, ele passa o filme inteiro buscando um sentido para si. O problema é que o roteiro perde intensidade em vários momentos, mudando para outras histórias que poderiam ser muito bem cortadas. Principalmente as dúvidas existênciais do elenco feminino, que soa até caricato.
AS TESTEMUNHAS, do veterano André Téchiné, fala dos primeiros casos de AIDS em 1984. Um tema batido em cinema de arte, principalmente com MISTÉRIOS DA CARNE (MYSTERIOUS SKIN), mas distante do grande público em geral. Típico cinema francês, com dialógos afiados, elenco de primeira, fotografia exuberante e história "chiclete".
Por fim, o golpe de mestre, ou melhor, de gênio: O mestre Sidney Lumet (de 12 HOMENS E UMA SENTENÇA - 1957), retorna a velha forma com ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO. Nesse extraordinário drama de suspense, falar de qualquer coisa, pode estragar a surpresa. O que posso comentar é que se o filme tiver uma boa campanha, rende Oscar. Digo isso porque o elenco está afiadíssimo. Boa química e todos extramente convincentes, principalmente Phillip S. Hoffman (CAPOTE) e Albert Finney (ERIN BROCKVICH). O argumento é repleto de reviravoltas e é turbinado com uma montagem genial, que só amplifica o suspense, sem contar, é claro, a maestria de Sidney Lumet, mas esse gênio dispensa comentários.
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Um comentário:
Quero muito ver "Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto", acho que tem tudo para ser um dos melhores filmes do ano - ainda que não conheça muito bem os trabalhos do Sidney Lumet. Fico ansioso já pelo elenco, aliás também acredito que possa chegar ao Oscar.
Abraço!
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