São Paulo (Dia 3): Sala lotada para a Premiere de IMPÉRIO DOS SONHOS em Sampa. 3 horas de projeção. Surrealismo. Cinestésia. Psicodélismo. Filme de David Lynch não se entende, se assiste. E feita a advertência, o público cai num verdadeiro enigma de narrativas, lógicas e texturas. IMPÉRIO DOS SONHOS é um filme instalação. Ele nos propõe coisas, e ao contrário das artes visuais, é diacrônico, caminha em determinada direção, mas deixa que o arranjo dos sentidos possíveis seja construído pelo próprio espectador. Essa é a proposta. E cabe a nós, portanto, decifrá-la. E, sobretudo, nos deixarmos levar, nessa viagem fascinante por labirintos que são os do sonho ou do próprio inconsciente. Visto sem as amarras da razão, isto é, de nossas expectativas prévias, ele pode ser estimulante, engraçado, irônico, inteligente e, sobretudo, surpreendente - como um objeto onírico. Uma experiência visual intrigante.
Símbolo sexual dos anos 50 e rainha das pin-ups: é assim que o mundo se lembra de Bettie Page, uma mulher tão à vontade com o próprio corpo que decidiu fazer dele sua forma de expressão. Mas para um longa sobre a criadora da imagem do sexo sado-masoquista, THE NOTORIUS BETTI PAGE até que é bem comportado. Uma abordagem comedida, bem leve e até divertida com exuberante interpretação de Gretchen Mol.
É uma pena para a humanidade, que Dennys Arcand lance um filme a cada 4 anos. Suas fitas, na pior das hipoteses, são geniais. E A ERA DA INOCÊNCIA repete o tom e a inteligência dos filmes anteriores. Aqui conhecemos as desventuras de Jean-Marco Leblanc, um funcionário do governo, pai de duas adolescentes e marido de uma corretora super-eficiente, no melhor estilo BELEZA AMERICANA. Mas ao contrário do personagem de Sam Mendes, Le Blanc enfrenta a degradação da sociedade através de seus devaneios. E que devaneios...histórias quixotescas repletas de mulheres deslumbrantes. E que roteiro...Repleto de situações cômicas e dialogos afiados (Têm até uma referência à Tarantino). E que elenco...Marc Labrèche encarna a "mediocridade" do personagem e conquista o público, logo nas primeiras cenas. Um filme imperdível. O filme da Mostra. O filme do Ano!
Mais uma Premiere...dessa vez, o nacional OLHO DE BOI, do ex-reportér do Globo-Reporter Hermano Penna que transporta a tragédia de Édipo Rei ao sertão profundo de Guimarães Rosa. Uma boa produção da safra nacional.
Por fim, com 30 minutos de atraso, a biografia de Ian Curtis, o vocalista do Joy Division. CONTROL reflete uma melancolia fria, romantismo negro e desesperança pós-industrial. O filme, definitivamente, é uma homenagem digna à banda.
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2 comentários:
Olá Marfil, fazia tempos que não aparecia,a faculdade é braboa...
mas bem, estou muito curioso a respeito do filme de Sidney Lumet, seria ele um forte concorrente ao Oscar realmente? E nas categorias de atuaçao tem chances (algo me cheira a prêmio para Finney, bem ao estilo "morgan freeman em menina de ouro" pela carreira e outros momentos em que a academia não o premiou)
abraços
Quero MUITO ver "Império dos Sonhos", estou ansioso desde que o filme foi lançado no ano passado - espero que chegue logo em circuito comercial. Também tenho curiosidade pelo novo do Arcand, sua filmografia é invejável. E cresce a curiosidade a respeito de "Control"...
Abraço!
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