8.2.08

Política e Rock´n´Roll

Berlim (Dia 1): Os Rolling Stones causaram um verdadeiro alvoroço na entrada do Hotel Hyatt para a coletiva de SHINE A LIGHT, o recente documentário de Martin Scorsese que inaugurou ontem o 58º Festival de Berlim. Os fãs fizeram fila na rua (congelada) apenas para vê-los passar, enquanto os jornalistas se acotovelavam para a entrevista com uma hora de antecedência. O tapete vermelho em si parecia um mercado persa, só que em vez de gritar: “Laranjas! Laranjas!” Uma dúzia de limão por um real", o pessoal gritava: Jagger! Jagger! Scorsese! Scorsese!

Berlinale é conhecida pelo seu teor altamente político. Para o presidente do júri deste ano, Costa-Gavras, estrela do cinema político por volta de 1970, isso se deve à própria cidade que, durante décadas, foi palco das tensões da guerra fria. E sem dúvida muitos filmes políticos serão apresentados em 2008, mas o festival também está celebrando a música: o rock sobre Berlim.

Madonna, Patti Smith, Neil Young, todos são convidados da Berlinale esse ano, mas duvido que Madonna, com seu FILTH AND WISDOW, provoque tanto frisson como ontem.

Na coletiva, Scorsese contou que ao terminar OS INFILTRADOS, estava tão confuso que decidiu pelo projeto de SHINE A LIGHT justamente para se desembaraçar do filme, que veja bem, lhe rendeu um Oscar. Muitos acharam o trabalho de Scorsese anônimo, dizendo que qualquer outro diretor de videoclipes teria feito um filme desses. Não é verdade. Solicitado a comparar Scorsese com Jean-Luc Godard, que o dirigiu em ONE PLUS ONE, documentando a criação da canção Sympathy for the Devil, Mick Jagger disse que ambos são grandes diretores, mas de estilos diferentes. Os dois filmes, de qualquer maneira, trabalham o tempo. Uma canção nasce diante dos olhos e ouvidos do público no filme de Godard. Uma profusão de canções atesta a vitalidade dos Stones em SHINE A LIGHT.

Jagger contou que propôs a Scorsese que filmassem o show de Copacabana, no Rio de Janeiro, porque achou que seria ótimo ter o registro "daquele grande show na praia, para passar em Imax [formato de tela gigante], mas Scorsese preferiu algo mais íntimo". O diretor explicou que sua escolha por um teatro pequeno foi porque ele gostaria de "não apenas filmar os Stones, mas mostrar a máquina armada para filmar os Stones".

SHINE A LIGHT foi exibido fora de competição. Talvez porque, com Stones e Scorsese juntos, seja difícil competir.

Por falar em competição, o júri de Berlim sofreu duas baixas: A cineasta dinamarquesa Susane Bier e a atriz francesa Sandrine Bonnaire abandonaram o barco. Segundo a justificativa dada pelo festival, Bier terá de ir aos EUA, tratar de assuntos relacionados ao seu próximo filme. E Bonnaire não poderia permanecer em Berlim durante todos os dias do festival, por isso teve de renunciar ao júri. O presidente do júri, Constantin Costa-Gavras, classificou as desistências de "um acidente" e disse que os remanescentes tentarão compensá-las sendo "mais inteligentes".

Costa-Gavras também contou que seu próximo filme será "um road movie sobre um homem que tenta chegar a Paris". Ele pretende estreá-lo no ano que vem, “em Berlim, ou em algum outro lugar", mas certamente fora de competição. "Acho que competir é algo que devemos fazer quando jovens”.

Por Luiz Zanin Oricchio (Estado), Silvana Arantes (Folha) e Agências Internacionais

3 comentários:

Anônimo disse...

Começou o festival, que bom! Quero muito ver esse documentário "Shine a Light", qualquer coisa que tenha o nome do Scorsese nos créditos vale a pena. E muito estranho esse negócio de abandonar o júri na última hora, seria uma honra participar de tal seleção.

Abraço!

Anônimo disse...

A bem da verdade, Tropa de Elite tem algum tipo de chance?

Kamila disse...

O Festival de Berlim é um dos meus favoritos e o trailer desse documentário dos Rolling Stones passou nesta semana nos cinemas daqui. Fiquei besta com a presença da Christina Aguilera no filme.

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