Nada de falar mal dos congestionamentos, da pressa ou da poluição do Tiête e do Pinheiros. Pelo menos hoje, aos 454 anos, São Paulo merece ser lembrada só pelo que tem de bom. E o que tem de bom não é pouco. Se não, o que teria atraído meio mundo para os Campos de Piratininga? Por isso, nesses 454 anos, SPOILER presta homenagem ao planeta São Paulo, através de 25 filmes temáticos que pulsaram eternamente em nossos corações...
"Fragmentos da Vida" (1929): Fotógrafo e um dos primeiros radialistas de São Paulo, o sorocabano José Medina dirigiu esse clássico do cinema mudo paulista, transportando para a capital a ação de um conto do americano O. Henry.
"São Paulo, a Sinfonia da Metrópole" (1929): Inspirados no documentário alemão "Berlim - Sinfonia da Cidade", os laboratoristas húngaros Rudolf Lustig e Adalberto Kemeny fizeram registro precioso do cotidiano nas ruas da cidade.
"Uma Pulga na Balança" (1953): Diretor de "Pato com Laranja", o italiano Luciano Salve realizou para a Vera Cruz essa comédia sobre um vigarista que engana madames paulistanas.
"Absolutamente Certo" (1957): A rotina dos "televizinhos" paulistanos num bairro popular, nos primórdios da TV, é descrita com bom humor nessa comédia de Anselmo Duarte sobre um programa de perguntas e respostas acompanhado por toda a cidade.
"O Grande Momento" (1958): Atores do Teatro de Arena estrelam esse precursor do cinema novo, em que o diretor Roberto Santos inspira-se no neo-realismo italiano para fazer crônica afetuosa de um casamento no Brás.
"Noite Vazia" (1964): A burguesia paulistana, protagonista de quase toda a obra de Walter Hugo Khouri, é tratada com frieza num de seus melhores filmes, sobre dois amigos que buscam o prazer e encontram o tédio e a frustração.
"São Paulo S/A" (1965): O clássico de Luiz Sérgio Person é o provável vencedor de qualquer disputa sobre o grande filme da cidade, ao mostrar as transformações pelas quais passava a metrópole (e o país) com a chegada das montadoras de automóveis e o avanço da industrialização.
"O Corintiano" (1966): Entre as comédias de Amácio Mazzaropi ambientadas na capital, esta merece destaque por homenagear um dos traços mais fortes da cultura paulistana, a infindável rivalidade entre os que amam se odiar: os corintianos e os palmeirenses.
"A Margem" (1967): Boa parte dos filmes de Ozualdo Candeias volta-se para os desvalidos da metrópole, como seu longa de estréia, em que moradores de favelas nas margens do Tietê lutam pela sobrevivência.
"O Bandido da Luz Vermelha" (1968): Talvez o único rival à altura de "São Paulo S/A" na disputa pelo título de "filme da cidade", o clássico de Rogério Sganzerla inspira-se livremente (e põe livre nisso) na vida do assaltante João Acácio Pereira da Costa.
"O Despertar da Besta" (1969/1982): Os personagens de José Mojica Marins também perambulam pela cidade. Nesse seu filme proibido pela censura mesmo depois de vários cortes, o tema central é a própria presença de Zé do Caixão no imaginário paulistano.
"O Rei da Noite" (1975): O submundo paulistano na primeira metade do século é recriado por Hector Babenco, em seu primeiro longa-metragem de ficção, para contar a trajetória de um cafetão que explora a amante, a "rainha da noite".
"Ato de Violência" (1980): A trajetória de Chico Picadinho, lendário assassino de mulheres, orienta o roteiro desse semidocumentário em que Eduardo Escorel investiga a mente de um psicopata.
"Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1980): Começa em São Paulo a vida de um dos personagens mais célebres do cinema brasileiro. A de Fernando Ramos da Silva, a quem Hector Babenco deu o papel, termina em São Paulo também, como registra "Quem Matou Pixote?" (1996), de José Joffily.
"O Homem que Virou Suco" (1980): A presença nordestina em São Paulo ganha, no filme mais popular de João Batista de Andrade, homenagem à altura de sua importância e que toma o partido dos desfavorecidos em seu retrato da crueldade urbana.
"O Olho Mágico do Amor" (1981): A Boca do Lixo, região do centro que funcionou durante décadas como o coração da produção cinematográfica paulista, é homenageada por José Antônio Garcia e Ícaro Martins nessa comédia sobre uma inocente secretária que bisbilhota demais.
"Cidade Oculta" (1986): São Paulo como cenário do autor de HQs Will Eisner. Foi o que buscou o diretor Chico Botelho nesse policial soturno, com música e interpretação de Arrigo Barnabé.
"Anjos do Arrabalde" (1986): Quase ninguém fala de professores no cinema brasileiro, muito menos dos que trabalham na periferia. Aqui, o diretor Carlos Reichenbach preocupa-se com os problemas cotidianos de três professoras da rede pública paulistana.
"A Hora da Estrela" (1986): A semi-analfabeta nordestina Macabéa, antológica personagem de Clarice Lispector, vem em busca de vida nova para São Paulo, onde afinal encontra o destino previsto por uma cartomante, na adaptação dirigida por Suzana Amaral.
"Filme Demência" (1986): Entre os filmes paulistanos de Carlos Reichenbach, esse é o preferido do próprio diretor, que ele considera uma "resposta" a "São Paulo S/A", ou "uma leitura às avessas" do clássico de Person.
"Anjos da Noite" (1987): Um dos filmes paulistanos mais paradigmáticos dos últimos 20 anos, com dois crimes que servem de pretexto para a apresentação de personagens do submundo criados pelo diretor e roteirista Wilson Barros.
"A Dama do Cine Shangai" (1987): A cinefilia é o combustível do filme de Guilherme de Almeida Prado, que apresenta seus dois personagens principais em um velho cinema do centro e faz referência no título a "A Dama de Shangai", de Orson Welles.
"Sábado" (1994): Apenas em São Paulo poderiam mesmo se encontrar figuras que, durante a gravação de um comercial num prédio decadente do centro, são reunidas por Ugo Giorgetti em seu mosaico da diversidade social da cidade.
"O Invasor" (2001): Periferia e região nobre da cidade aproximam-se na fábula de Beto Brant e Marçal Aquino sobre um matador de aluguel decidido a entrar na vida dos empresários que o contrataram para eliminar o sócio.
"Urbânia" (2001): Moradores de cortiço, travestis e prostitutas são personagens registrados por Flávio Frederico em seu híbrido "docudrama" que usa também imagens de "São Paulo S/A".
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Um comentário:
Parabéns para São Paulo, nem sabia que hoje era o aniversário da cidade (que, por falar nisso, só visitei apenas numa oportunidade). Já ouvi falar em muitos desses filmes, como "Noite Vazia", "O Bandido da Luz Vermelha", "Pixote" e "O Invasor", mas não vi nenhum - aliás, acho que já vi "O Corintiano", afinal meu pai já assistiu todos os filmes do Mazzaropi (minha família é toda daí) e eu sempre o acompanhava ;-)
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