
"Fragmentos da Vida" (1929): Fotógrafo e um dos primeiros radialistas de São Paulo, o sorocabano José Medina dirigiu esse clássico do cinema mudo paulista, transportando para a capital a ação de um conto do americano O. Henry.
"São Paulo, a Sinfonia da Metrópole" (1929): Inspirados no documentário alemão "Berlim - Sinfonia da Cidade", os laboratoristas húngaros Rudolf Lustig e Adalberto Kemeny fizeram registro precioso do cotidiano nas ruas da cidade.
"Uma Pulga na Balança" (1953): Diretor de "Pato com Laranja", o italiano Luciano Salve realizou para a Vera Cruz essa comédia sobre um vigarista que engana madames paulistanas.
"Absolutamente Certo" (1957): A rotina dos "televizinhos" paulistanos num bairro popular, nos primórdios da TV, é descrita com bom humor nessa comédia de Anselmo Duarte sobre um programa de perguntas e respostas acompanhado por toda a cidade.
"O Grande Momento" (1958): Atores do Teatro de Arena estrelam esse precursor do cinema novo, em que o diretor Roberto Santos inspira-se no neo-realismo italiano para fazer crônica afetuosa de um casamento no Brás.
"Noite Vazia" (1964): A burguesia paulistana, protagonista de quase toda a obra de Walter Hugo Khouri, é tratada com frieza num de seus melhores filmes, sobre dois amigos que buscam o prazer e encontram o tédio e a frustração.
"São Paulo S/A" (1965): O clássico de Luiz Sérgio Person é o provável vencedor de qualquer disputa sobre o grande filme da cidade, ao mostrar as transformações pelas quais passava a metrópole (e o país) com a chegada das montadoras de automóveis e o avanço da industrialização.
"O Corintiano" (1966): Entre as comédias de Amácio Mazzaropi ambientadas na capital, esta merece destaque por homenagear um dos traços mais fortes da cultura paulistana, a infindável rivalidade entre os que amam se odiar: os corintianos e os palmeirenses.
"A Margem" (1967): Boa parte dos filmes de Ozualdo Candeias volta-se para os desvalidos da metrópole, como seu longa de estréia, em que moradores de favelas nas margens do Tietê lutam pela sobrevivência.
"O Bandido da Luz Vermelha" (1968): Talvez o único rival à altura de "São Paulo S/A" na disputa pelo título de "filme da cidade", o clássico de Rogério Sganzerla inspira-se livremente (e põe livre nisso) na vida do assaltante João Acácio Pereira da Costa.
"O Despertar da Besta" (1969/1982): Os personagens de José Mojica Marins também perambulam pela cidade. Nesse seu filme proibido pela censura mesmo depois de vários cortes, o tema central é a própria presença de Zé do Caixão no imaginário paulistano.
"O Rei da Noite" (1975): O submundo paulistano na primeira metade do século é recriado por Hector Babenco, em seu primeiro longa-metragem de ficção, para contar a trajetória de um cafetão que explora a amante, a "rainha da noite".
"Ato de Violência" (1980): A trajetória de Chico Picadinho, lendário assassino de mulheres, orienta o roteiro desse semidocumentário em que Eduardo Escorel investiga a mente de um psicopata.
"Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1980): Começa em São Paulo a vida de um dos personagens mais célebres do cinema brasileiro. A de Fernando Ramos da Silva, a quem Hector Babenco deu o papel, termina em São Paulo também, como registra "Quem Matou Pixote?" (1996), de José Joffily.
"O Homem que Virou Suco" (1980): A presença nordestina em São Paulo ganha, no filme mais popular de João Batista de Andrade, homenagem à altura de sua importância e que toma o partido dos desfavorecidos em seu retrato da crueldade urbana.
"O Olho Mágico do Amor" (1981): A Boca do Lixo, região do centro que funcionou durante décadas como o coração da produção cinematográfica paulista, é homenageada por José Antônio Garcia e Ícaro Martins nessa comédia sobre uma inocente secretária que bisbilhota demais.
"Cidade Oculta" (1986): São Paulo como cenário do autor de HQs Will Eisner. Foi o que buscou o diretor Chico Botelho nesse policial soturno, com música e interpretação de Arrigo Barnabé.
"Anjos do Arrabalde" (1986): Quase ninguém fala de professores no cinema brasileiro, muito menos dos que trabalham na periferia. Aqui, o diretor Carlos Reichenbach preocupa-se com os problemas cotidianos de três professoras da rede pública paulistana.
"A Hora da Estrela" (1986): A semi-analfabeta nordestina Macabéa, antológica personagem de Clarice Lispector, vem em busca de vida nova para São Paulo, onde afinal encontra o destino previsto por uma cartomante, na adaptação dirigida por Suzana Amaral.
"Filme Demência" (1986): Entre os filmes paulistanos de Carlos Reichenbach, esse é o preferido do próprio diretor, que ele considera uma "resposta" a "São Paulo S/A", ou "uma leitura às avessas" do clássico de Person.
"Anjos da Noite" (1987): Um dos filmes paulistanos mais paradigmáticos dos últimos 20 anos, com dois crimes que servem de pretexto para a apresentação de personagens do submundo criados pelo diretor e roteirista Wilson Barros.
"A Dama do Cine Shangai" (1987): A cinefilia é o combustível do filme de Guilherme de Almeida Prado, que apresenta seus dois personagens principais em um velho cinema do centro e faz referência no título a "A Dama de Shangai", de Orson Welles.
"Sábado" (1994): Apenas em São Paulo poderiam mesmo se encontrar figuras que, durante a gravação de um comercial num prédio decadente do centro, são reunidas por Ugo Giorgetti em seu mosaico da diversidade social da cidade.
"O Invasor" (2001): Periferia e região nobre da cidade aproximam-se na fábula de Beto Brant e Marçal Aquino sobre um matador de aluguel decidido a entrar na vida dos empresários que o contrataram para eliminar o sócio.
"Urbânia" (2001): Moradores de cortiço, travestis e prostitutas são personagens registrados por Flávio Frederico em seu híbrido "docudrama" que usa também imagens de "São Paulo S/A".
Um comentário:
Parabéns para São Paulo, nem sabia que hoje era o aniversário da cidade (que, por falar nisso, só visitei apenas numa oportunidade). Já ouvi falar em muitos desses filmes, como "Noite Vazia", "O Bandido da Luz Vermelha", "Pixote" e "O Invasor", mas não vi nenhum - aliás, acho que já vi "O Corintiano", afinal meu pai já assistiu todos os filmes do Mazzaropi (minha família é toda daí) e eu sempre o acompanhava ;-)
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