2.11.07

O Horror! O Horror!

São Paulo (Dia 13): Foi um verdadeiro soco no estomâgo o penultimo dia de Mostra. Mortes. Estupros. Decapitação. Talibãs. O horror! O horror! De 6 filmes, houve cenas de degola em 4 e a cada projeção, um silêncio tumular caia sobre a platéia. Não se ouviu um aplauso. Não se ouviu ninguém conversar com ninguém. As pessoas foram saindo, quietas, como se o peso do mundo tivesse caído sobre cada uma delas. Não se sabe se gostaram ou não.

REDACTED é baseado em vídeos caseiros de guerra feitos por soldados, seus blogs, diários e imagens postados no YouTube, refletindo mudanças na maneira como a mídia cobre a guerra. O filme é centrado sobre um pequeno grupo de soldados, estacionados em uma barreira militar em Bagdá. Sua missão é revistar tudo e todos que por ali passam, veículos e pessoas. Submetidos à pressão contínua, expressam seus sentimentos em relação aos iraquianos. São filmados em ação e na intimidade. Situado a meio caminho entre o documentário e a ficção. O filme calou fundo. É impressionante...Pela coragem, pela utilização de vários materiais e recursos do documentário e do docudrama para reconstituir uma tragédia. É um trabalho de edição e direção primoroso. Infelizmente ousado demais para ser lembrado em alguma premiação.

E então os irmãos Taviani nos oferecem outra lição de historia: Uma verdadeira prova do que a humanidade foi capaz de fazer, o obscuro holocausto dos armênios, durante a Primeira Guerra Mundial. A CASA DAS COTOVIAS narra o massacre organizado pelo Partido da Juventude Turca, pelos olhos da família Avakian. Todos os homens foram executados, enquanto as mulheres são levadas para o deserto e deixadas lá para morrer. É um filme simples, sem grandes recursos ou elaborações cinematográficas, cujo principal destaque é justamente a estória. Foi aplaudido de pé.

Mais história, mais horror, dessa vez, pelos olhos de uma criança: PERSÉPOLIS narra a implantação do regime democrático fudamentalista no Irã. É a história da diretora Marianne Satrapi. Sua vida...Começa inocente, repleto de piadas. O público ri, mas conforme a personagem cresce, sua maturidade evolui e, consequentemente sua consciência de mundo, a história fica séria. A técnica de animação usada é simples. Sem cor. Preto e Branco. Nada que desvie a concentração do público da estória contada. Melhor que muito filme americano, mereceu a indicação da França para o OSCAR e, se houver justiça merece até, o prêmio.

E então, veio SENHORES DO CRIME, de David Croneberg. Mais um bom filme do diretor, embora MARCAS DE VIOLÊNCIA seja melhor. Aqui ele narra a infiltração da máfia russa em Londres e conta uma estória muito simples, envolvendo prostituição infantil. O grande destaque é realmente o trabalho de Viggo "Aragorn" Mortensen. Sem dúvida, o filme é dele.

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