São Paulo (Dia 6/Dia 7): O cerimonial de filmes nacionais da MOSTRA SP é um caso à parte. Começa com os "recadinhos" da Mostra, depois passam a palavra ao diretor, que muito orgulhoso pede confetes e a seguir chama toda a "equipe" que o auxiliou. Não importa que a sessão esteja atrasada 30 minutos, tão pouco que a única pessoa do filme, além do diretor, seja a tia-avó do primo em 2º grau do auxiliar de maquiador. Enfim, tudo é festa.
No caso de VIA LACTÉA, tudo se repetiu...Lina Chamie anunciou com grande alegria que finalmente seu filme retorna a casa, depois de uma bela temporada de Festivais Internacionais e que seu filme era uma grande homenagem à São Paulo. Mas me desculpe, Lina, São Paulo é mais que cenas de transito e viaduto do chá. Como sempre, mais um "filme mundo-cão" onde os personagens, sempre solitários, vivem numa cidade congestionada e violenta. Chato e cabeça, foi uma grande decepção.
Antes, deu tempo de conferir O CLUBE DE LEITURA DE JANE AUSTEN, outro filme bobinho "água com açucar". Daqueles que certamente fariam Jane Austen se revirar no túmulo. Poderia ser um grande filme, mas é clichê demais. E, infelizmente o único interesse nos livros de Austen é se "Mr. Darcy" tinha desejos por uma ou outra personagem. Desprezível...
E então, descobri que a cópia de KARGER (Alemanha) ficou presa em Campinas. No lugar, escalaram um filme da retrospectiva da FEPASCO, um filme de Marrocos, chamado ALI ZAOUA. O preconceito gelou a espinha do público que corajosamente entrou na sala de exibição como "boi no matadouro". Mas no fim foi uma boa surpresa. Era sobre um grupo de meninos de rua que preparavam-se para enterrar seu companheiro, morto numa briga de gangues. Um belo filme.
DESEJO E REPARAÇÃO é mais um filme impecável de John Wright. No entanto é uma história de amor fria, que não provoca lágrimas, nem suficiente emoção. É um bom filme, muito bem feito, muito bem interpretado, um pouco triste, um pouco amargo. Há alguns momentos espetaculares, dignos de serem vistos e prestigiados, até mesmo de ganharem indicações ao Oscar. Mas não vejo muito como lhe premiar.
É um grande épico romântico, meio DR. JIVAGO, onde o clímax não é o reencontro do casal. E o prazer é se ver, numa história bem contada, um elenco fotogênico e bonito. Só não tenho certeza se queria ouvi-la ou se ela acrescenta alguma coisa que já não saibamos sobre a natureza humana ou a passagem inevitável do tempo. De qualquer forma, não é um fracasso, o que já é muito. Mas também não é o grande filme que se esperava.
Por fim, NO VALE DAS SOMBRAS deveria ser posto em continuação com REDACTED. Com linguagens e propósitos diferentes, tratam do mesmo assunto, os efeitos deletérios da invasão do Iraque sobre os próprios Estados Unidos. Um belo e intenso filme na maneira como é construído e interpretado. Seria ocioso falar de Tommy Lee Jones, que se impõe na tela, como de hábito. Charlize também não está mal, e o par se conduz numa progressão que, no fundo, é clássica. Aquela da descoberta de uma incômoda verdade, que de fato não se quer ver.
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2 comentários:
Sandar Kogut dirigiu "Mutum". "A Via Láctea" é de Lina Chamie.
Correção feita, Chico!
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