16.3.08

Entre Brownies e Mulgarataths

O interesse em levar AS CRÔNICAS DE SPIDERWICK para as telas surgiu assim que a popular coleção foi publicada, mas seus co-autores, Tony DiTerlizzi e Holly Black, queriam confiar a criação do filme em mãos capazes. Por fim, eles viram em Mark Canton (300) um produtor perfeito para o projeto. “Quando os primeiros livros ficaram prontos e as pessoas nos abordaram para comprar os direitos, tive a sensação de que se tornariam filmes, mas não estou muito acostumado a acreditar que algo de bom vai acontecer comigo”, diverte-se Black.

Quando o produtor e co-roteirista Karey Kirkpatrick (A FUGA DAS GALINHAS) foi abordado pela primeira vez para ajudar a adaptar os livros em um roteiro de cinema, ele imediatamente os leu para os filhos a fim de sentir a reação deles. “Meus filhos ficaram cativados pelas histórias e a possibilidade de eu estar, de alguma forma, envolvido com aquilo”, conta Kirkpatrick. Na hora de escolher um diretor, Mark Waters (SEXTA-FEIRA MUITO LOUCA), especializado em comédias contemporâneas, poderia parecer uma opção inusitada para o material, mas Mark Canton deliberadamente o convidou porque era capaz de fundamentar todos os elementos fantasiosos em uma realidade palpável.

“A idéia que tive para AS CRÔNICAS DE SPIDERWICK foi a de um mundo real em que coisas incríveis acontecem. Mark é o diretor perfeito devido à compreensão da dinâmica entre irmãs e irmãos, mães e filhos e da vida de famílias contemporâneas”, disse o produtor. Waters ficou animado com a oportunidade de fazer um filme de aventura em que as pessoas pudessem facilmente se identificar com os personagens e a história. “Sempre adorei filmes de fantasia e, quando li esses livros, vi a chance de fazer algo que ainda não tinha sido feito – um filme que traz aventura, fantasia e criaturas incrivelmente interessantes, mas que não se passa em uma terra distante”, observa Waters.

Segundo o produtor, o diretor fez um excelente trabalho reunindo um belo e eclético elenco. O protagonista, Jared Grace, interpretado por Freddie Highmore (A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE), está em um ponto crítico de sua vida e é através dessa extraordinária aventura que ele encara e aceita seus sentimentos em relação à separação dos pais. “Ele foi muito afetado pelo divórcio – está com raiva e não esconde seu amargor, principalmente ao interagir com a mãe e os irmãos. Mas, no fim, essa incrível jornada, em que ele basicamente salva a família, resulta também em sua cura”, explica Mark Waters.

Helen Grace, interpretada por Mary-Louise Parker (TOMATES VERDES FRITOS), acabou de se separar do marido quando se muda para a velha propriedade da família, uma casa vitoriana dilapidada de seu tio-avô, Arthur Spiderwick. Ninguém está feliz com a mudança, mas ela tem como aliada a filha, Mallory (Sarah Bolger). “Mallory é como uma pequena mãe. Ela sabe por que o divórcio aconteceu, mas inicialmente não compartilha isso com os irmãos – ela os protege muito, mesmo considerando que eles a eulouquecem, principalmente Jared”, revela o diretor.


O irmão gêmeo de Jared, Simon Grace – também interpretado por Freddie Highmore –, é o mais estudioso dos irmãos, e sua silenciosa determinação e atenção a detalhes tornam-se grandes atributos quando a família está em perigo. Completando a família, o ator David Strathairn (BOA NOITE E BOA SORTE) vive Arthur Spiderwick.

O filme conta também com as diversas criaturas em que as crianças esbarram ao longo da história: do “brownie” (duende da casa) de 23 centímetros Thimbletack a Mulgarath, um assustador ogro de 3 metros dublado por Nick Nolte. “E há também todas as criaturas intermediárias”, explica o diretor. “São goblins, ninfas e goblins do bem, como Hogsqueal, aliado das crianças.” Hogsqueal é dublado – com muito humor e diversos barulhos inadequados – pelo ator Seth Rogen (LIGEIRAMENTE GRÁVIDOS).

Mark Waters ficou impressionado com o trabalho dos jovens atores do filme. Freddie Highmore é inglês e Sarah Bolger, irlandesa. Ainda assim, observa o diretor, “Quando você os ouve no filme, só consegue captar um bom sotaque da Nova Inglaterra, resultado de seus dons, da extensa pesquisa que fizeram e do constante treino de dialeto. Esses papéis exigem muito, então precisamos chamar artistas que tivessem profundidade, alma e inteligência. Freddie e Sarah têm essas qualidades, e muito mais.” Um dos desafios de Freddie Highmore foi viver dois personagens, cujas diferenças foram bem delineadas pela equipe de produção e pelo próprio ator.

“Queríamos que o público soubesse imediatamente se estavam vendo Jared ou Simon sem torná-los muito caricatos”, diz Highmore. “Os gêmeos têm penteados e estilos de se vestir diferentes. As cores também tiveram um papel importante em distinguí-los. Jared usa jeans e preto ou tons de vermelho, enquanto Simon é mais suave, vestindo roupas conservadoras e muito verde e marrom.”

Já o desafio de Bolger foi aprender esgrima, hobby da personagem Mallory bastante útil quando os irmãos tentam espantar os goblins. “Mallory é muito determinada, e foi divertido retratá-la, especialmente nas cenas de luta de espada”, ela diz. “Mas, no fim das contas, o que eu realmente gosto nela é que Mallory é uma boa irmã e, eu acho, uma boa filha.” Houve momentos, no entanto, que Bolger lembra com menos afeição – principalmente a parte relacionada a suco de tomate e aveia, que, juntos, são letais aos goblins e, depois de um dia no set, pouco agradáveis também a humanos.


“Há uma cena em que os goblins estão correndo atrás de nós e temos que ir até a cozinha para nos proteger”, conta a atriz. “Então, enchemos o forno de suco de tomate e aveia e acendemos o fogo para que exploda e acabe com eles. Foi uma grande cena e o resultado foi brilhante. Mas aquilo fede muito, e a cozinha ficou coberta por uns 7 centímetros de suco de tomate. Foi nojento!”

A Misteriosa Mansão Spiderwick

A propriedade de Spiderwick também é um verdadeiro personagem do filme. O que a princípio parece ser uma velha e isolada mansão precisando de muitos reparos, lentamente revela uma fascinante e misteriosa história. Criaturas estranhas escondem-se nas paredes, e outras ainda mais esquisitas tentam entrar para roubar o estranho e potencialmente perigoso Guia de Campo, resultado de uma grande pesquisa de Arthur Spiderwick. Muitos acontecimentos essenciais do filme se desenrolam ali (tanto no passado quanto no presente) e por isso o desenhista de produção James Bissell (300) precisou desenhar a casa de maneira que o público pudesse apreciar a forma como ela era e o que permanece especial sobre ela nos dias de hoje.

Para isso, ele se baseou no trabalho do designer inglês William Morris e no movimento Arts & Crafts do final do século 19, conhecidos pela ênfase em temas orgânicos. Outra inspiração, é claro, foi a própria coleção As Crônicas de Spiderwick. “Os livros são fantásticos. Eu já os conhecia porque meus filhos adoram, e foi isso que me atraiu ao projeto em primeiro lugar. As ilustrações de Tony são simplesmente fabulosas. Quando eu estava trabalhando no filme, mantive os desenhos dele pendurados na parede para que me inspirassem. Eles sempre traziam alguma informação relevante”, conta Bissell. A casa precisava refletir o interesse de Arthur Spiderwick pelo mundo encantado, pedindo uma locação bastante isolada na área de Montreal, Canadá, onde o filme foi rodado.

“Encontramos uma bela clareira em um parque chamado Cap-Saint-Jacques, onde havia uma pequena cabana, provavelmente construída nos anos 50. A cidade e o parque graciosamente deixaram que nós a demolíssemos para construir outra casa ali”, revela o desenhista de produção. A partir daí, a equipe construiu um elaborado “casco” da casa. “Ele tinha quatro andares e uma torre – era uma estrutura de 360 graus cercada por uma floresta, que também foi utilizada no filme. Construímos, além disso, o piso térreo, incluindo entrada, salão, biblioteca e escada para o segundo andar. E também partes de janelas do segundo e terceiro pisos para tomadas em câmera subjetiva, assim como a torre interior, para que as crianças pudessem correr para dentro e fora dela.”

O trabalho continuou nos estúdios, onde o térreo foi replicado para todas as complicadas tomadas em que Mulgarath invade a casa e os goblins fazem seu ataque final. “Também construímos um segundo andar onde ficam os quartos das crianças e criamos a clareira dos goblins, incluindo uma grotesca árvore em que vemos Mulgarath pela primeira vez”, explica Bissell. E, se a casa é um personagem e o set chave do filme, então o Guia de Campo tem que ser seu principal elemento cenográfico. Seguindo o design geral de Bissell, o Departamento de Arte criou o Guia de Campo usando diários do início do século 20 como modelos. Eles também pesquisaram amostras de escritas à mão e desenvolveram uma fonte que usaram para a própria letra de Arthur Spiderwick. Além do livro, outro importante elemento de cena é a pedra da visão, que, unida a diversas lentes, permite que as pessoas vejam o mundo invisível e encantado descrito no Guia de Campo – e todas suas estranhas criaturas.


É precisamente um equilíbrio único entre fantasia e realidade que separa AS CRÔNICAS DE SPIDERWICK de outros filmes de aventura. Ele é mais obscuro, assustador e muito mais fincado no mundo real. “A idéia foi ter um mundo de verdade em que coisas inexplicáveis e muitas vezes assombrosas acontecem. O que mantém o filme real e o faz ressoar é que estamos lidando com uma família de verdade, pessoas com verdadeiros problemas que, através dessa aventura, conseguem encontrar mágica dentro de si mesmas”, explica o produtor Mark Canton.

O ator Freddie Highmore sintetiza: “Acho que os mais jovens vão gostar da jornada a um mundo novo e fantástico, que é mágico e eletrizante. Já os pais vão gostar dos temas mais adultos e dos altos e baixos emocionais pelos quais a família passa. É um filme para todos.”

Cortesia: Paramount Pictures

2 comentários:

Anônimo disse...

Tenho muita curiosidade em relação a esse filme, apesar de não me encantar tanto com essas histórias infantis - apesar disso, devo ver por causa do talentoso Freddie Highmore.

Kamila disse...

A Veja ADOROU esse filme. Como gosto muito de filmes neste estilo, com certeza, irei assistir "As Crônicas de Spiderwick".

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