15.2.08

Lugares Comuns

Berlim (Dia 8): Afinal, havia outro filme alemão em competição em Berlim - mas a prova de que as nacionalidades já não são mais o que eram está em que HEART OF FIRE só é alemão no financiamento (partilhado com a Áustria e o Quênia). O documentarista italiano Luigi Falorni, um dos co-autores de CAMELOS NÃO CHORAM, ficciona aqui, a autobiografia de Senait Mehari, uma menina da Eritréia que foi retirada pelo pai do internato católico onde estudava e entregue a um grupo de guerrilheiros para ser doutrinada na luta pela independência da Etiópia. Mas, infelizmente, Falorni não consegue transcender o lugar-comum do melodrama bem-intencionado de infância desvalida.

O lugar-comum é problema também de RESTLESS, do israelita Amos Kollek - que, curiosamente, é também o filme mais multicultural em concurso. Uma co-produção entre Israel, Alemanha, Bélgica, Canadá e França. Tudo para contar a reconciliação de um pai que abandonou Israel e filho, depois da morte da mãe. Ironia: O pai, que vive em Nova York, é o "espírito livre" artístico, o filho é comandante do exército. O ajuste de contas é justamente o que mais interessa em RESTLESS, que de resto se contenta em perpetuar todas as regras gastas de um certo cinema independente com uma sisudez de mau gosto e muitas vezes canhestra.

Mal por mal, antes KABEI, do veterano japonês Yoji Yamada (A SOMBRA DO SAMURAI), que também pouco ou nada traz de novo, mas pelo menos tem o bom senso de não querer ser mais do que é: Um melodrama familiar clássico sobre uma mãe de Tóquio que, em plena II Guerra Mundial, enfrenta com as duas filhas a ausência do pai, professor universitário preso por delito de pensamento. Tudo bem feito, bem interpretado, muito certinho - mas "certinho" é coisa de filme para ver numa sessão da tarde, não de filme em concurso num festival de cinema tão renomado como Berlim.

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