Hillary Swank adere ao romantismo em P.S. EU TE AMO

Salários milionários, filmes campeões de bilheteria com seu nome acima do título e dois Oscar de melhor atriz dizem que Hilary Swank é uma estrela de cinema.

Logo, não dê ouvidos a ela.

"É a sensação mais louca", diz a atriz de 33 anos. "Eu ainda me sinto como uma estranha, que é, francamente, como a maioria de nós se sente em nossas vidas."

"Você se senta lá e sente como se, a qualquer momento, algum sujeito enorme virá e dirá: 'Você! Sim, você mesmo, com esse vestido! O que está fazendo aqui? A porta fica naquela direção!' Eu me sinto como se isso fosse acontecer a qualquer segundo", diz Swank rindo. "Mesmo quando ouço meu nome associado ao de grandes astros como Clint Eastwood e Morgan Freeman, eu ainda sinto, 'O quê? Eles disseram meu nome? O meu?' Eu fico checando constantemente."

Swank concedeu uma entrevista num hotel de Los Angeles para divulgar seu novo filme, P.S.EU TE AMO (P.S.I LOVE YOU), de Richard LaGravenese, com estréia no Brasil em 4 de janeiro. Ela interpreta uma viúva com uma forma incomum de lidar com seu pesar.

"Meu marido, interpretado por Gerard Butler, me deixa uma lista com 10 tarefas para fazer após sua morte, para que eu possa dar continuidade à minha vida", explica a atriz. "É engraçado, triste, romântico e é um daqueles filmes que realmente tocam seu coração. Num minuto você está rindo, no outro chorando. É sobre aquele 'o que aconteceria se', mas também tem uma mensagem de que o amor permanece com você para sempre, mas a vida continua."

Ironicamente, Swank, que ganhou seu segundo Oscar interpretando uma boxeadora em MENINA DE OURO, sofreu um ferimento mais sério neste filme aparentemente inócuo, por cortesia de Butler. "Um dos suspensórios dele se rompeu e me atingiu no olho", ele recorda. "Machucou um pouco e tivemos que suspender as filmagens por algum tempo. Virou até notícia."

A forma como ela escolhe os roteiros é simples, diz Swank. "Eu leio o roteiro e quero fazê-lo se pensar nessas palavras: 'Há algum motivo para não gostar?'", ela diz. "É o que aconteceu quando li P.S. EU TE AMO e MENINOS NÃO CHORAM. A mesma coisa aconteceu quando li MENINA DE OURO. Você não consegue tirar essas histórias da sua cabeça."

"Talvez um entre 20 roteiros seja bom. Espere, talvez um em 50. Eu sei imediatamente quando quero fazer parte de um filme e então eu apenas torço para ter a oportunidade."

Swank também já atuou como produtora do aclamado ESCRITORES DA LIBERDADE e do futuro LABYRINTH, filmes que ela também estrela. "Eu só quero fazer filmes", ela diz. "Eu adoro meu trabalho e sou grata quando tenho a chance de fazê-lo. Eu não consigo descrever a alegria que me traz poder pegar um roteiro que ainda não conseguiu ser filmado e dizer, 'Você quer fazê-lo?' E então o filme é realizado e é uma sensação incrível."

No momento Swank tem tal capacidade, mas ela sabe que nem sempre terá. "As carreiras passam por altos e baixos", ela diz. "Eu sei que nem sempre terei todas as opções do mundo, e então um dia tudo voltará. Você não sabe o que vai acontecer. De forma que toda vez que um estúdio ou investidor diz sim, eu fico muito grata."

Nascida em Lincoln, Nebraska, Swank cresceu em Bellingham, Washington, onde apareceu em produções teatrais locais e se saía bem o bastante em esportes para competir na Olimpíada Júnior tanto em natação quanto em ginástica.

Mas atuar era seu sonho, então, quando ela fez 16 anos, Swank e sua mãe partiram para Los Angeles para que ela buscasse sua carreira. As coisas não saíram bem no início e, por algum tempo, elas ficaram tão sem dinheiro que moraram no carro. Mas Swank nunca considerou seriamente desistir.

"O que me atraía em ser atriz era o fato de me sentir uma estranha na infância", ela diz. "Atuar era o único momento em que realmente me sentia parte de algo. Quando estava lendo um livro ou assistindo a um filme, eu realmente sentia certos personagens. Eu pensava: 'Essa pessoa está passando por algo e sei como ela se sente'. Eu ia parar em outro lugar quando lia ou assistia a um filme, e realmente me sentia parte de algo."

"Anos depois eu percebi o quanto adorava histórias e quanto queria fazer parte de contar histórias. Eu sempre tive esse amor pelas pessoas e pela forma como cada uma tem uma história diferente. No final todos nós nos conectamos, porque podemos entender a nós mesmos naquela pessoa na tela."

Após alguns pequenos papéis na televisão, Swank estreou no cinema com BUFFY, A CAÇA VAMPIROS. Mas ela não conseguiu realmente um avanço até KARATE KID 4, seu primeiro papel como protagonista. "Eu autografei recentemente um DVD de KARATE KID 4, diz a atriz, rindo. "Eu tive muita felicidade de fazer filmes que as pessoas lembram com tamanho carinho."

Ela teve um papel contínuo na série BARRADOS NO BAILE, mas, com seus traços angulares e sua forma atlética, Swank era uma atriz difícil de "classificar", e apenas depois de MENINOS NÃO CHORAM - um drama baseado em um fato real no qual interpretou Brandon Teena, uma mulher que viveu como homem até ser brutalmente assassinada - é que ela realmente conseguiu mostrar do que era capaz.

Mas, mesmo depois de conquistar o Oscar de melhor atriz por esse trabalho, Swank ainda teve que lutar por papéis.

"Antes do Oscar eu não tinha as melhores oportunidades e lutava arduamente para poder fazer parte das coisas", ela diz. "Então MENINOS NÃO CHORAM foi um sucesso de crítica, mas não ganhou muito dinheiro. No mundo dos negócios, as pessoas não me viam como chamariz de bilheteria."

"Foi uma verdadeira curva de aprendizado para mim. Eu sabia que tinha que continuar trabalhando arduamente e o que precisava fazer para continuar fazendo filmes. Eu era uma desconhecida e estava interpretando um menino. Mas o que eu estava tentando fazer era encontrar grandes filmes."

"Anos depois, eu estava conversando com Clint Eastwood a respeito e o que ele disse foi perfeito. Ele me disse: 'Você sempre mira na mosca, mas nem sempre acerta'."

"Não se trata de vencer", diz Swank, balançando a cabeça. "Eu estou simplesmente feliz por estar em um lugar onde posso acordar e dizer: 'Ei, hoje eu preciso ir fazer o que amo'."

Foi MENINA DE OURO de Clint Eastwood que lhe deu seu segundo Oscar, demonstrando que o primeiro não foi um acaso. Mesmo assim, Swank ainda é uma pessoa fácil de escalar e também não emplacou na bilheteria com papéis femininos mais convencionais, como em O DOM DA PREMONIÇÃO, O ENIGMA DO COLAR, INSÔNIA, O NÚCLEO e DÁLIA NEGRA. Ela ainda é uma atriz da lista "A-", vista como uma artista de nicho e não geralmente listada como boa candidata aos papéis principais de grandes produções.

Quando Swank conquistou seu primeiro Oscar, muito foi falado sobre ela ter esquecido de agradecer ao seu marido, Chad Lowe, que ela conheceu no set de ANJOS DA VIOLÊNCIA. Quando ela conquistou o segundo por MENINA DE OURO, ela fez uma grande demonstração de agradecimento a Lowe - mas, cerca de um ano depois, eles anunciaram que estavam se separando.

Foi especulado que Lowe, que enfrentou problemas de abuso de substâncias, estava tendo dificuldade em lidar com o maior sucesso de sua mulher. Swank não discute tais rumores.

"Eu acho que o verdadeiro desafio na vida é viver para você, mas também arrumar tempo para os relacionamentos significativos de sua vida", ela diz. "Mas ainda assim é muito difícil. Eu sei que milhões de homens e mulheres se apaixonam, se casam e então se divorciam."

Mas a atriz ainda vê um marido e filhos em seu futuro. "Eu definitivamente desejo uma vida familiar", diz Swank. "Eu adoro crianças, adoro que todos meus amigos tenham filhos. Eu também sempre quis filhos desde que era pequena. A maternidade seria a coisa mais importante na minha vida e ainda é um sonho meu."

Por Cindy Pearlman - Hollywood Watch