28.1.08
Agulha, linha e altos ideais
Conhecimentos de história – especialmente da moda, fôlego de produtor, gosto para colocar a mão na massa (no caso, pregar botões, costurar e bordar, entre outras coisas), muita organização, uma extensa rede de contatos e talvez um pouco de habilidade para o desenho. São essas as principais características necessárias ao bom figurinista, uma profissão fundamental em todas as áreas do audiovisual dentro do escopo da direção de arte, mas que como tantas outras atividades não pode ser aprendida em um curso específico. Além disso tudo, disposição para aprender e se informar o tempo todo também é fundamental.
Grande parte dos profissionais que atuam nessa área é autodidata, aprendendo na prática as habilidades necessárias. Alguns vêm do curso de comunicações; outros, de moda. E muitos aprenderam com outros profissionais. Mas nem as faculdades de comunicação se aprofundam o suficiente em moda, nem a faculdade de moda apresenta as ferramentas necessárias para se trabalhar em produção audiovisual.
O trabalho do figurinista tem de ser feito em parceria com o diretor de fotografia. É preciso saber como a luz incide e o resultado disso na televisão ou película. No teatro, por exemplo, o volume, o 3D, é fundamental. No cinema, os defeitos aparecem mais e não tem como corrigir. Na TV, se for uma série ou uma novela, ainda dá pra remediar no capítulo seguinte.
O contato direto com celebridades pode fazer brilhar os olhos de alguns, mas ledo engano... O champagne só vêm no dia da estréia. Muitas pessoas têm a ilusão que a profissão é cheia de glamour, porque atua direto com atores e apresentadores. Mas é um trabalho puxado, corrido.
Para produzir o figurino de qualquer tipo de produto audiovisual, o figurinista pode seguir dois caminhos: o da produção e o da confecção. De acordo com o trabalho, é preciso ir a lojas especializadas e solicitar permutas ou comprar realmente as peças que serão utilizadas pelos atores. Podem ser lojas de roupas novas ou mesmo brechós. Em outros casos, o figurinista monta uma equipe de aderecistas e costureiras que vai produzir cada uma das peças de acordo com os modelos criados. Aí entra a necessidade de ter contatos para montar uma equipe especializada. Assim como um marceneiro não é necessariamente um cenotécnico, não é qualquer costureira que trabalha em cinema. É preciso ter o timing certo.
Selecionar o figurino mais adequado ou criar roupas novas depende de um profundo trabalho de pesquisa. Quando se trata de filme de época, os livros e revistas são fundamentais, assim como outros filmes e fotografias. Mas tudo deve ser embasado por um bom conhecimento de história da moda. É preciso saber as proporções da década, do período. E quando a trama se passa no tempo presente, é preciso interagir com os tipos que devem ser reproduzidos.
E se o diretor quer uma imagem mais realista, é sempre melhor trabalhar com roupas usadas. Às vezes isso não é possível, porque a peça pode ser frágil ou ter de ser usada muitas vezes. Então é necessário, reproduzir e envelhecer a roupa. A roupa realmente usada sempre fotografa melhor.
Por Crizólito Pinheiro & Lizandra de Almeira (Tela Viva)
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Um comentário:
Achei muito interessante o post. Assim como na área de direção de arte, o trabalho de figurino necessita de muita pesquisa, portanto os profissionais da área merecem um grande reconhecimento.
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