10.8.07

O Rei de uma nova Fantasia



"Você pode sonhar, criar, desenhar e
construir o mais incrível lugar do mundo...
...mas precisa de pessoas para fazer desse sonho, realidade."
Walt Disney

Os primeiros cinco filmes animados de Disney – BRANCA DE NEVE E OS SETE ANOES, PINÓQUIO, BAMBI, DUMBO e FANTASIA – foram todos concluídos entre 1936 e 1941. O assim chamado “período áureo da animação Disney” terminou no mesmo ano em que a greve contra o estúdio teve inicio. Cada um desses filmes, considerados como as mais finas jóias de sua carreira de produtor de filmes animados, refletia aspectos do tema maior e único de Disney: a santidade da família e as trágicas conseqüências quando ela é violada.

Nesses cinco filmes, todos os heróis de Disney começam com grandes “defeitos” de personalidade, exteriorizados pela perda ou ausência da figura dos pais. A procura por essa figura transforma-se, em ultima instancia, na busca pela conquista da integridade espiritual. O drama é exteriorizado, além disso, por uma serie de objetos que ameaçavam a conquista heróica: a maça envenenada de branca de Neve; o nariz que cresce em Pinóquio; o incêndio na floresta de Bambi; as orelhas estranhas de Dumbo; e, na seqüência clímax de FANTASIA, a escuridão da temível noite que se alastra, antes da chegada da reconfortante alvorada.

Não obstante, Disney rejeitou todos os significados desses desenhos, com exceção dos literais, que cavalgam a superfície de suas tramas. Analise psicológica, ou realmente qualquer forma de introspecção, insistia, não significavam nada para ele. Não via utilidade alguma na psiquiatria, tanto em sua obra quanto na sua vida, considerando-a parte da mesma conspiração judeu-marxista que trabalhara para destruir seu estúdio. Também zombava da sugestão de que seu relacionamento com Hoover tinha raízes em algum tipo de conflito emocional não resolvido com Elias, seu pai.

Ironicamente, a “cegueira emocional” de Disney na vida real revelou-se a fonte dessa grande visão artística. Era precisamente sua negativa consciente que limitava sua percepção e, conseqüentemente, seu controle sobre a força subtextual de seus filmes, e o libertava das barreiras da auto-repressão cautelosa. As fantasias puramente instintivas exteriorizadas por Disney eram a chave do apelo universal que seus filmes exercem sobre as crianças de todas as idades. Para os jovens, a trama do conto de fadas, de místicas e exóticas historias de heroísmo serve como um entretenimento seguro, destituído de qualquer sugestão de personalização. Para os adultos, o desejado retorno à inocência da juventude perdida acrescenta uma profundidade temática, embora abstrata, às apresentações.

Depois da greve de 1941, Disney desiludiu-se do filme animado e, através de sua aliança com o FBI, lançou-se no papel do seu maior “personagem” até então, um herói da vida real empenhado em livrar a nação dos elementos subversivos que ameaçavam a grande família norte-americana. Enquanto outros perseguiam indivíduos dentro do sistema, Disney terminou perseguindo o próprio sistema de Hollywood o qual, acreditava, conspirava para impedi-lo de atingir o sucesso que seus trabalhos, ele achava, mereciam. Apesar da popularidade alcançada por seus filmes, ele continuava convencido de que o Old Boys Club (Clube dos veteranos), composto em sua maioria de judeus que controlavam os três principais ramos do sistema – produção, distribuição e exibição – havia trabalhado para limitá-lo à produção, onde se gastava dinheiro, e lhe negava acesso completo à distribuição e à exibição, onde se ganhava dinheiro. Disney, forçado a permanecer à margem do curso principal da industria, acreditava-se um filho bastardo de Hollywood.

Externou a raiva que isso lhe provocava tentando destruir a estrutura e, por conseguinte, os centros de poder da industria. No final, realizou seu objetivo como um dos litigantes do memorável caso da Suprema Corte, que considerou o sistema de estúdio um monopólio ilegal. Essa decisão encerrou o domínio dos “grandes” na distribuição e exibição e, alem disso, mutilou uma industria já claudicante, em conseqüência das investigações governamentais em sua política e da nova concorrência da televisão livre.

Próximo ao fim da sua vida, sua atuação semanal como anfitrião de um popular seriado de televisão que levava seu nome reforçou sua imagem publica como o bondoso tio de todos. Essa imagem foi ainda mais reforçada pelo monumento que ele construiu à sua própria lenda, batizado com o nome de Disneylândia, um parque de diversões dedicado à memória da infância feliz que nunca tivera. A Disneylândia confirmou o lugar de Disney na iconografia da genuína e inocente infância norte-americana, ao lado de torta de maças, férias de verão, beisebol, sorvete e, naturalmente, Mickey Mouse.

Por ocasião de sua morte, aos sessenta e cinco anos de idade, os obituários lamentavam o falecimento do grande homem da família norte-americana, que havia oferecido ao mundo o prazer de seus filmes, programas de televisão e parques temáticos.

Esquecidos nos muitos tributos ficaram o fato de ter criado a Associação Hollywoodiana que intimidava, como aliados civis do governo vigilante, todos aqueles que a Associação considerava subversivos; seu depoimento amigável perante a House Un-American Activities Comittee – HUAC (Comissão das atividades Antiamericanas); o medo da ilegitimidade que carregou por toda a vida e a busca pela mulher que acreditava, pudesse ser sua verdadeira mãe; seus 25 anos de trabalho secreto para o FBI, suas virulentas atividades anti-sindicais; sua associação com o crime organizado; e sua implacável obsessão de pôr fim àquilo que acreditava ser um sistema de estúdio liderado por um bando de imigrantes judeu-europeus corruptos.

De modo tipicamente hollywoodiano, a morte simplesmente tornou Disney maior que a vida. O logotipo de sua assinatura continuou a ser universalmente reconhecido como uma garantia de entretenimento familiar. Mas no final, depois de examinar o intimo conflitante de Disney, que tanto inspirou sua arte – e Disney era um artista de primeira categoria -, podemos apreciar toda a sua grandeza: Durante toda a sua vida, o gênio brilhante de Disney manifestou-se em meio a densas sobras de nuvens emocionais. E para melhor focalizar as grandes realizações de Disney, precisamos assisti-las do anfiteatro de sua alma perturbada.

A Ideologia Disney no Cinema

Sábado, dia 18 de Agosto, eu farei uma palestra orientada à professores e educadores da infancia espírita sobre a filmografia de Walt Disney e seu legado, além da psicanalíse de alguns contos de fada.

É uma data muito oportuna, já que comemoramos em 2007, o centenário da animação, além de 70 anos de BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES. No dia, devo percorrer toda a história dos desenhos animados, desde o gato Félix de 1907 até 2010 com o lançamento de RAPUNZEL e TOY STORY 3.

E para comemorar a data, estou publicando no SPOILER MOVIES, resenha de várias animações clássicas do cinema. São mais de 50 filmes animados. Não deixem de conferir!!!!

Serviço:
"A Ideologia Disney no Cinema"
Sábado, 18 de Agosto de 2007 - 15hs
Núcleo Assistêncial Anita Briza
R. Aurélia, 655 - Pompéia - SP
Inscrições: flaviaruh@terra.com.br

Nenhum comentário:

by TemplatesForYou
SoSuechtig,Burajiru