VENEZA: Logo no ínicio da sessão de imprensa de O EXPRESSO DARJEELING, o diretor Wes Anderson, pediu aos jornalistas para não abordarem questões sobre Owen Wilson, um dos seus cumplíces neste projeto indiano, além de Jason Schwartzman, Roman Copolla, Adrien Brody e novamente Bill Murray, já que o fogoso ator e roteirista, foi abandonado por Kate Hudson e tentou suícidio.
Sem algo em comum com a realidade ou com o acidente de Wilson, apesar de estarem em jogo, sentimentos e emoções, O EXPRESSO DARJEELING é mais uma excelente comédia do absurdo, na linha de OS EXCÊNTRICOS TENEBAUMS, também polvilhada de intrincadas relações familiares, um tema comum a todos os filmes de Anderson. Assim, O EXPRESSO DARJEELING conta a história de três irmãos que viajam de trem pela Índia, à procura da mãe e de uma reconciliação entre eles. Por isso, a palheta de cores dos filmes indianos de Bollywood estão em todas as sequências e dialogos inesperados, repletos de nonsense, a começar por um obrigatório curta-metragem, intitulado HOTEL CHEVALIER, rodado em Paris, que funciona como uma espécie de prólogo ou parte 1, do filme principal e onde curiosamente entra Natalie Portman, sensual e sexy como nunca vimos nem mesmo em CLOSER.
LA GRAINE ET LE MULET, um melodrama do franco-tunisino Abdellatif Kechiche é indiscutivelmente uma bela surpresa. No contexto dos filmes em competição é mais uma abordagem familiar, sobre uma extensa familia residente em Marselha, presa num cotidiano de tensões e sentimentos familiares cruzados e alguns deles até, extra-conjugais. A figura central é um pai de meia-idade, ausente da família e desempregado que toma a iniciativa arriscada de abrir um restaurante tradicional, onde a especialidade é o famoso cuscuz com peixe. Um prato que poderá ajudá-lo a sobreviver e a congregar os seus afetos familiares.
Claude Chabrol e Woody Allen, ambos fora de concurso, trouxeram dois belos filmes ao Lido. Tanto LA FILLE COUPÉ EN DEUX quanto CASSANDRA´S DREAM buscam um registro cirúrgico da natureza humana em situação criminal. Chabrol, mais uma vez, procura o tom da ironia. Allen retoma o universo da culpa dostoiewskiana, já presente em CRIMES E PECADOS. Ambos não poderiam ser mais diferentes: Allen anda soturno, cabisbaixo. Chabrol esbanja vitalidade, é freqüentador assíduo dos restaurantes e não perde ocasião para uma boa piada.
O crítico italiano Paolo Mereghetti disse que, usando tanto o vídeo, o cinema estava virando escravo desse suporte. De Palma, que usa de forma abundante esse recurso em REDACTED, respondeu: "É o contrário. A imagem cinematográfica escraviza as de vídeo por sua maior riqueza."
Antes da apresentação oficial de CLEÓPATRA, Júlio Bressane, ao lado de Alessandra Negrini, queixava-se de que a organização do festival não havia providenciado credenciais para o resto da sua equipe, que assim não poderia entrar no Palazzo del Cinema para acompanhar a projeção. Acha os europeus rígidos demais. Tem razão.
São muitos os problemas de organização da mostra. Há sessões que ficam lotadas antes da hora e os credenciados da imprensa não conseguem entrar. Não há banheiros para todos e alimentar-se é uma corrida de obstáculos. Veneza se expandiu e a infra-estrutura não acompanhou. Já foi lançado o projeto de novo complexo para o festival, para 2011. Mas ninguém ainda sabe de onde virá o dinheiro.
Por José Vieira Mendes (Premiere), Pedro Butcher (Folha), Luiz Zannin Oricchio (Estado) e Agência EFE
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2 comentários:
Estou muito ansioso quanto a O Expresso Darjeeing. Anderson eh um dos meus diretores favoritos, e o elenco tbm eh bem bom.
E esse Cleopatra, do Bressane, eh um projeto, no minimo, curioso.
E esse "O Expresso Darjeeling" foi uma decepção pelo visto. Uma pena, já que o diretor é muito bom. Além de criticado, foi ofuscado pela tentativa de suicídio do Owen Wilson...
Abraço!
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